terça-feira, 12 de maio de 2015

Taxa de juros bate recorde e assusta consumidores



O descontrole no cartão de crédito lidera as causa de inadimplência. Foto: Claudiane Soares

Juros do cartão de crédito subiram para 342% ao ano e pesa mais no bolso da pessoa física


O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu o quarto aumento consecutivo da taxa Selic no último dia 04 de março, quando os juros básicos da economia de saíram de 12,25% para 12,75% ao ano, atingindo o maior patamar desde 2009. O mercado, em contrapartida, vem aumentando a oferta de produtos e serviços como forma de fugir do efeito dominó causados pela alta do dólar e inflação acumulada. Como resposta lança saldões e liquidações no mercado num momento em que o número de endividados ultrapassa 54 milhões de pessoas em todo o brasil.

O não pagamento do valor total da fatura é um pesadelo para o consumidor, pois pode virar uma bola de neve e trazer sérios riscos para o crédito do cidadão. Atualmente, se uma pessoa deixar de pagar R$ 100 na fatura do cartão, ao fim do mês seguinte, o valor já terá saltado para R$ 112,70 e ao final de um ano sua divida será de R$442,20.

Fazer o pagamento do valor mínimo da fatura é a principal causa da inadimplência em cartão de crédito. Isso porque a tarifa mínima é de 15% a 20% do valor total da fatura e, ao utilizar desta suposta comodidade, o consumidor paga apenas o suficiente para manter o crédito junto à financeira ou banco, o que não apresenta nenhuma vantagem para o pagador.

É o caso do eletricista de manutenção Antônio Sampaio, 38 anos que já passou um verdadeiro sufoco por causa do cartão de crédito e cheque especial. Há mais de dez anos, ao passar meses fazendo o pagamento mínimo da fatura de quatro cartões de crédito, Sampaio viu a dívida aumentar exponencialmente por causa dos juros, e hoje ainda continua inadimplente, pois não conseguiu se organizar. Mas, ainda usa o cartão de crédito. “É algo que facilita muito a vida e antes eu usava muito o cartão. Depois que tive problemas, aprendi a pagar sempre o valor integral da fatura, mas ainda tenho restrição em meu nome.”

 “Quando você paga o valor mínimo, dependendo da taxa de juros do cartão de crédito, tudo o que sobra voltará no mês seguinte acrescido de juros. Na verdade, a conta não está sendo quitada e se a pessoa continuar fazendo compras, a conta virá ainda maior e pode se tornar uma bola de neve. Não é vantajoso utilizar essa prática com frequência”, destaca o educador financeiro Conrado Navarro, consultor do Programa Consumidor Consciente da Mastercard.

Mas o que fazer?

Luís Estevão, frentista de 64, garante que um de seus orgulhos é nunca ter ficado inadimplente e dá a receita: “sempre que quis fazer uma compra, seja de uma TV ou de uma camisa, planejava a compra e reservava o dinheiro. Só depois é que efetivava a compra. Só tive acesso a cartões de crédito nos últimos dez anos e hoje conto com mais de 54 mil reais de crédito liberado neles. Mas isso não significa que eu deva utilizar, apenas que eu poderia, pois não tenho a mínima possibilidade de pagar uma fatura equivalente a este valor”.

De acordo com Conrado Navarro, este é o caminho para sair da inadimplência. Se ainda não tem o hábito de avaliar o preço dos itens que coloca no carrinho de supermercado, o valor do cafezinho, do preço do litro da gasolina no posto onde abastece, o custo do almoço no quilo e etc., a partir de hoje faça disso um hábito: “Não dá para saber de onde tirar se você nem sabe o quanto está pagando. Além disso, alguns itens têm aumento mais elevado, enquanto outros podem até ficar mais em conta – a inflação não é homogênea. Fique de olho para saber onde ela está imperando.”


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