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O descontrole no cartão de crédito lidera as causa de inadimplência. Foto: Claudiane Soares |
Juros do cartão de crédito subiram para 342% ao ano e pesa mais no bolso da pessoa física
O Comitê de Política Monetária do
Banco Central (Copom) decidiu o quarto aumento consecutivo da taxa Selic no último
dia 04 de março, quando os juros básicos da economia de saíram de 12,25% para
12,75% ao ano, atingindo o maior patamar desde 2009. O mercado, em
contrapartida, vem aumentando a oferta de produtos e serviços como forma de
fugir do efeito dominó causados pela alta do dólar e inflação acumulada. Como
resposta lança saldões e liquidações no mercado num momento em que o número de
endividados ultrapassa 54 milhões de pessoas em todo o brasil.
O não pagamento do valor total da
fatura é um pesadelo para o consumidor, pois pode virar uma bola de neve e
trazer sérios riscos para o crédito do cidadão. Atualmente, se uma pessoa
deixar de pagar R$ 100 na fatura do cartão, ao fim do mês seguinte, o valor já
terá saltado para R$ 112,70 e ao final de um ano sua divida será de R$442,20.
Fazer o pagamento do valor mínimo
da fatura é a principal causa da inadimplência em cartão de crédito. Isso
porque a tarifa mínima é de 15% a 20% do valor total da fatura e, ao utilizar
desta suposta comodidade, o consumidor paga apenas o suficiente para manter o
crédito junto à financeira ou banco, o que não apresenta nenhuma vantagem para
o pagador.
É o caso do eletricista de
manutenção Antônio Sampaio, 38 anos que já passou um verdadeiro sufoco por
causa do cartão de crédito e cheque especial. Há mais de dez anos, ao passar
meses fazendo o pagamento mínimo da fatura de quatro cartões de crédito,
Sampaio viu a dívida aumentar exponencialmente por causa dos juros, e hoje
ainda continua inadimplente, pois não conseguiu se organizar. Mas, ainda usa o
cartão de crédito. “É algo que facilita muito a vida e antes eu usava muito o
cartão. Depois que tive problemas, aprendi a pagar sempre o valor integral da
fatura, mas ainda tenho restrição em meu nome.”
“Quando você paga o valor mínimo, dependendo
da taxa de juros do cartão de crédito, tudo o que sobra voltará no mês seguinte
acrescido de juros. Na verdade, a conta não está sendo quitada e se a pessoa
continuar fazendo compras, a conta virá ainda maior e pode se tornar uma bola
de neve. Não é vantajoso utilizar essa prática com frequência”, destaca o
educador financeiro Conrado Navarro, consultor do Programa Consumidor
Consciente da Mastercard.
Mas o que fazer?
Luís Estevão, frentista de 64,
garante que um de seus orgulhos é nunca ter ficado inadimplente e dá a receita:
“sempre que quis fazer uma compra, seja de uma TV ou de uma camisa, planejava a
compra e reservava o dinheiro. Só depois é que efetivava a compra. Só tive
acesso a cartões de crédito nos últimos dez anos e hoje conto com mais de 54
mil reais de crédito liberado neles. Mas isso não significa que eu deva
utilizar, apenas que eu poderia, pois não tenho a mínima possibilidade de pagar
uma fatura equivalente a este valor”.
De acordo com Conrado Navarro,
este é o caminho para sair da inadimplência. Se ainda não tem o hábito de
avaliar o preço dos itens que coloca no carrinho de supermercado, o valor do
cafezinho, do preço do litro da gasolina no posto onde abastece, o custo do
almoço no quilo e etc., a partir de hoje faça disso um hábito: “Não dá para
saber de onde tirar se você nem sabe o quanto está pagando. Além disso, alguns
itens têm aumento mais elevado, enquanto outros podem até ficar mais em conta –
a inflação não é homogênea. Fique de olho para saber onde ela está imperando.”
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