Crianças refugiadas da Síria, em frente a um centro coletivo na cidade de Arsal (Líbano). © ACNUR / S.Malkawi |
Para facilitar a entrada dos grupos, a legislação nacional de refúgio criou o CONARE, Comitê Nacional para os Refugiados
Nos últimos quatro anos, o Brasil se tornou o principal destino de refugiados sírios na América Latina. O país abriga atualmente cerca de 1.600 cidadãos sírios reconhecidos como refugiados, o maior grupo entre os aproximadamente 7.600 refugiados que vivem no país, de mais de 80 nacionalidades diferentes.
O conflito civil na Síria já está no seu quinto ano. E hoje é considerado pela ONU, Organizações das Nações Unidas, como "a pior crise humanitária da nossa era". Segundo dados divulgados pela ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), já são 3,9 milhões de refugiados sírios registrados nos países vizinhos e outros 8 milhões de deslocados dentro da própria Síria.
Andrés Ramirez, representante do Acnur Brasil, afirmou que “o aumento no fluxo de refugiados vindos da Síria começou em 2012 com 37 reconhecimentos oficiais. Em 2013, o número foi sete vezes maior do que no ano anterior, chegando a 284, para disparar em 2014 com 1.183”, e até hoje, os números não param de crescer. Segundo ele, esse aumento pode ser explicado pela postura solidária do Brasil com as vítimas do conflito, que já deixou mais de 200 mil mortos desde 2011 na Síria. O conflito civil tem motivação política: grupos rebeldes tentam tirar o presidente Bashar al-Assad do poder. “O Brasil tem facilidade em receber refugiados, pois o país tem como característica hospedar, qualquer nacionalidade, como se fosse um cidadão brasileiro, porém, isso pode gerar consequências, pois é preciso pensar também, qual a estrutura que o país tem para receber esses refugiados”, explica Andrés Ramirez sobre a preocupação que há também em receber refugiados.
Para facilitar a entrada dos grupos, a legislação nacional de refúgio criou o CONARE, Comitê Nacional para os Refugiados. Por meio do órgão, foi criada a lei que garante documentos básicos aos refugiados, incluindo os de identificação e de trabalho. "Essa normativa brasileira facilitou a entrada dos sírios no País. Além disso, não se pode esquecer a comunidade síria e libanesa que está em grande número no Brasil e tem ajudado a acolher esses refugiados", afirmou Ramirez.
Além da colaboração em facilitar a entrada dos refugiados, o Brasil conta com várias entidades que ajudam os sírios a se estabilizarem no país, como o Instituto de Reintegração do Refugiado, o ADUS. A instituição conta com ajuda de voluntários, de doações e incentivos de amigos para ajudar os refugiados, e com o grande número de sírios que chega ao Brasil, o ADUS acolhe os estrangeiros e ajuda-os com a busca por moradia, com documentações, a se comunicarem e todas as dificuldades pelas quais eles passam ao chegarem a um país desconhecido. Para mais informações, acesse http://www.adus.org.br/
Veja o depoimento de Marcelo Haydu sobre o surgimento da ONG.
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